Chamo-me Isabel Relógio e nasci em abril de 1928, na bonita Foz de Odeleite. A vida levou-me também a viver em Mértola e mais tarde em Faro, lugares que guardo com carinho no coração.

Sou mãe de dois filhos, que sempre foram a minha maior alegria e motivo de orgulho. Ao longo da vida, procurei ser uma boa filha, uma boa esposa e uma boa mãe, valores que sempre considerei essenciais.
Desde pequena fui dedicada aos estudos e sempre gostei de aprender. A leitura e a escrita estiveram sempre muito presentes na minha vida. Adoro ler livros e tenho como grande paixão escrever poemas. Em jovem, cheguei a compor muitas letras e, se tivesse tido a oportunidade, teria seguido o sonho de ser compositora ou professora.
Considero-me uma pessoa amiga, pura, sincera e alguém que gosta de ajudar os outros. São estas qualidades que me acompanharam ao longo de todos estes anos e que me definem como pessoa.
Hoje, com 97 anos, resido no Lar e Centro de Dia de Alcoutim, onde me sinto feliz e rodeada de carinho. Aqui continuo a viver com serenidade, gratidão e alegria, aproveitando cada momento da vida.
A minha infância
Levantei-me cedo, pois ouvi cantar o galo
Que é o relógio mais certo cá da terra.
Lavo a cara, penteio o meu cabelo
E apanho o ar fresco desta serra.
As aves cantam lindas canções
E eu vivo radiante
Nesta foz de Odeleite de onde sou natural
Sinto-me tão feliz neste paraíso distante,
Neste belo Algarve, jardim de Portugal.
Meu Guadiana de águas transparentes,
És tu a minha fonte de inspiração
Em Odeleite um dos teus afluentes
Eu guardo a maior recordação.
Aprendi a amar-te Guadiana
Aprendi a amar-te Guadiana
Meu Guadiana, meu rio de sonho
Nunca vi um rio tão belo e amoroso,
As tuas águas têm um cantar mavioso
Que sussurram amor.
As tuas margens são jardim em flor,
Que a natureza te deu
Eu gosto de ti meu Guadiana
Gosto de ti meu rio, porque és meu.
És sereno e revoltoso ao mesmo tempo,
És límpido e turvo certas vezes,
Em dias maus tens os teus revezes
Mas és tu a alegria desta terra
Que seria sem ti esta serra?
A quem dás o teu esplendor,
Não conheço nem existe rio igual a ti
Meu Guadiana, meu rio de amor.
De pequenina aprendi a amar-te
E a decifrar o cantar do teu correr,
Hei de gostar de ti até morrer.
Meu Guadiana, meu rio sem rival
És o mais belo dos rios de Portugal.
Sou do nordeste algarvio e tenho brio
Em ser daqui montanheira
Desta paisagem linda,
Onde deus criou ainda
Um rio e uma ribeira.
Meu guadiana, meu rio sem rival
És o mais lindo dos rios de Portugal.
As tuas águas esverdeadas
Brilhando ao sol, parecem mesmo esmeraldas.
As tuas margens tão lindas e macias
São tapetes de verdura,
Onde os povos ribeirinhos com
Orgulho e mil carinhos
Te olham com ternura.
Alcoutim, Laranjeiras e Guerreiros
Álamo, Foz e Almada de D´Ouro
És tu a sua alegria
Com o seu quê de magia
São o teu maior tesouro.
Dizem que a Foz de Odeleite
A escolheste para tua namorada
Que em noites de lua cheia,
Te enleia, e lhe chamas
Minha doce, bem amada.
Montinho das Laranjeiras
É para mim,
O meu povo de eleição
Cada rua é uma flor
Lá nasceu o meu amor,
A quem dei meu coração.
Isabel Relógio

